Aos 7 anos conheceu um dos piores sentimentos humanos: o ódio. Seu sorriso meigo escondia uma tristeza profunda, fruto de um abuso sexual.
Era adotada. Levada pra casa por sua mãe adotiva, intitulada por si mesma "Madre Teresa de Calcutá", foi salva de atropelo de caminhão que poderia arremassar sua massa encefálica a metros de distância, e porque não de uma mãe que fora prostituta, que de tanta amargura até o leite já havia secado em seus seios. Teve a sorte vagabunda de morar numa casa de família abastada, que mais se valia de suas jóias guardadas em casa (para que o banco não lhe roubassem pela hospedagem destas no cofre) do que de seus verdadeiros tesouros: os 4 filhos.
Cresceu em meio ao desprezo. Mas amiga dos cães e dos mendigos que passavam em sua porta, a menina dos olhos arregalados carregava o peso de ser "a pedra no sapato" de toda aquela gente, e para passar as 24h diárias se escondia atrás dos livros e cds.
Sua casa era bem frenquentada. Pessoas da mais alta burguesia acabavam passando por ali e ficando para o chá das cinco. Um dos amigos de seu pai a olhava, e aquele olhar fazia estremecer até os frizz dos cabelos lisos.
Muito amiga da família, o "tio" a chamou para o passeio em sua casa, e obrigada pela família, aceitou temerosa e com coração lhe saindo pelas entranhas.
Era de se esperar. Seu coração havia premeditado o que viria a acontecer. A maldade que a pureza da menina havia enxergado daquele homem dizia respeito aos seus pensamentos sexuais. Obrigada, despiu-se lentamente em frente àquele filho do demônio. Não tinha seios, nem pêlo algum. Sentia que estava sendo usada, abusada covardemente por aquela encarnação do inimigo.
Chorou silenciosamente, e suas lágrimas se misturara ao suor alheio, o suor do homem que sentia prazer em tocar-lhe intimamente. Beijou-lhe a flor.
A sensação que tinha, desconhecia. Mistura de ódio, nojo, desprezo lhe corria o peito, doía mais que as consequências dos atos ali ocorridos. Vestiu-se. Foi levada embora.
A menina, que agora possuia sangue nos olhos, ainda mais arregalados, tinha o desejo de se matar. E sem conhecer arma nem veneno algum, dormiu. E nunca mais acordou.
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